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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lembranças que ficaram no caminho

Madrinha já era casada há uns doze anos e não tinha nem um filho, depois de fazer vários tratamentos sem ter sucesso, estava desistindo...e foi quando Otto conheceu um médico alemão que estava aqui em Vitoria e ensinou um tratamento fácil e que deu certo. Colocar água morna em uma bacia com uma quantidade de sal e ali ficar sentada por um tempo. Regina Dalva nasceu (por sinal é minha afilhada) e depois veio Ralph que é meu cumpadre. Depois destes dois, ela resolveu que já chegava de filhos. Veio morar perto de casa, na ladeirão, que para mamãe foi ótimo, por ela todas as filhas moravam pertinho.

Quando morava em Colatina ia passar alguns dias na casa do irmão de papai, Tio Vitório. A vida deles era bem diferente da nossa, acordavam bem cedo, iam para a roça e voltavam às nove horas para almoçar, geralmente era carne de porco que ficava guardada em uma lata de banha pendurada em um arame para que nem um inseto entrasse. Tinha sempre uma panela de ferro grande cheia de polenta que havia ficado no fogo desde cedo. Vóvo Maria, mãe de papai, lembram que ela tinha um machucado na perna? Ficou quarenta anos para sarar, só sarou depois que fez uma promessa de trazer para nossa Senhora da Penha uma perna de gesso, e ela trouxe. Virava aquela polenta sobre uma tábua e cortava as fatias com um cordão que ja estava amarrado na tátua, colocava umas fatias de queijo fresco por cima e um pedaço de carne de porco ou frango ensopado. Era uma delícia!

Na propriedade deles tinha muitos gansos e tudo que você elogiasse eles diziam: quer para você? Eu aceitava mas ficava tudo lá, não tinhamos aonde colocar. À noite, vovó afofava os colchões feitos em casa, cheios de palha de milho, quando a gente deitava fazia até barulho de palha amassando, mas era uma delícia.

Papai ajudava bastante, mandava móveis, um saco de trigo por mês, pois o pão era todo feito lá. Eram poucos os dias que passavamos lá mas sempre nos divertiamos muito.

Madrinha e Otto ficaram casados quarenta e seis anos, ele ficou com um problema na garganta, ficou doente quase dez anos. Papai dizia que era culpa dela ele viver tanto pois ela tinha o maior cuidado com ele. Enquanto isso, ela dizia que tinha descoberto a cura do câncer, fumar muito, tomar wisque barato, ela aguentou a barra até o fim..Por muitos anos sustentou a casa enfrentando todos os problemas, nem por isso ficou uma pessoa amarga. Quando ela estava esperando Regina estávamos todos da familia lá, inclusive eu que ja estava noiva, Raul tinha um jeep. No primeiro dia do carnaval os cunhados, Miltom e Silvino, combinaram se um fosse sozinho, os outros iriam, mas só se Otto fosse também. Ninguém acreditava que ele fosse, mas acabaram indo. Madrinha obrigou Raul a levar ela no jeep até o Siribeira quando parou o carro ela com cinco meses de gravidez saltou rapidinho e pela janela pediu alguem para chamar Otto ele veio todo sem graça pois os amigos dizia a rádio patroa chegou! Ele só no "Dalvinha calma" mas ela não quis saber de nada disse se ele não fosse embora ela que estava de quimono ia levantar a saia e mostrar atodo mundo que estava sem calcinha. Dojeito que ele era ciumento pediu só para pagar a conta para poder ir embora. Precisava ver, no dia seguinte a cara de Odete e Dulce, mas como sempre tudo acabou em gozação com Otto.

3 comentários:

  1. Tia querida,
    ada vez eu gosto mais! Levantei cedo e ja estava o dia de hoje.Quando nasci! Apareci no seu blog! Fiquei muito orgulhosa, do feito! Quaqnto a maneira de escrever esta ótima, ligeira e com vida.Pena que é pouco!Beijos, Denise

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  2. Mãe,qta história legal que eu não conhecia...rsrsrsrsr.Tia Dalva era muito doida viu,mas ela gostava demais desse tio tão querido.Bjs,vc n
    ão precisa virar escritora....vc JÁ é uma escritora nata..parabéns e to ficando viciada nisso aqui.Foi a única coisa de que senti falta em guarapari...das histórias.Bjs te amo.

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  3. kkkkkkkkkkkkk Tia Dalva era do Balaconbaco!!!! Adorei mãe, cada historia melhor que outra!!!

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