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sábado, 29 de janeiro de 2011

Minha vida continua...

Quando Raulzinho estava com três meses, recebemos a vizita dos irmãos de Raul: Névio com Anna e a filha Rosana, Pedro com a esposa Naya, dois filhos e grávida do Paulinho. Fiquei feliz, mas preocupada, muito sem prática de casa, não sabia o que fazer para o almoço. Abri ageladeira e fui tirando de tudo um pouco: carne seca, linguiça carne de boi e resolvi improvisar um cozido, uma comida bem capixaba. Coloquei muita verdura, milho verde e acabou dando certo. Eles gostaram e sempre lembram daquele dia. Ainda bem, pois fiquei muito apavorada.

Vagou uma casa de Dr. Raul, meu médico, e mudamos. A casa era muito melhor, era térrea, com uma sala grande, dois quartos, uma boa cozinha e uma varanda na parte de trás, onde faziamos as refeições.

Quando moramos no Sul de Minas fizemos boas amizades. Gino e Maria, um casal de italianos, ela cozinhava muito bem e me ensinou a fazer macarrão á bolonhesa e lasanha. Era um pouco brava, mas adorava o Brasil e não queria voltar para a Itália. D. Raquel e sua filha - Helenice.

Arranjei uma babá ótima para Luciana, Maria, filha do cozinheiro do hotel. Raulzinho tinha uma babá que brincava muito com ele, veio à Vitoria conosco para o batizado de Luciana. Mamãe, depois de ficar um tempo lá em casa, voltou para Vitória.

Eu, Raul, Raulzinho, Elza, a babá, e Luciana viemos de jipe. Saímos de Cambuquira, às duas da madrugada, queríamos ir direto até Vitoria. Depois que passamos de Caxambú a roda do jipe saiu, foi um susto! Paramos enquanto Raul, com a ajuda de um Sr., arrumava o carro. Não existia fralda descartavel, cada vez que trocava a roupa das crianças ia quardando tudo para lavar quando chegasse à Vitória.

Tinha costurado um vestido que usava tipo trapésio e fiz acima do joelho como estava usando, falaram logo, você vai usar este vestido curto desse jeito? Nem liguei.

Luciana batizou no Convento. Além dos padrinhos, eu e Raul, mamãe, papai e D. Rosa tambem estavam lá. Passamos o mês aqui antes de voltar. Lucana já estava com quase dois meses e fui conhecer o Sr. Névio, pai de Raul, que ainda não conhecia. Ele estava com problema de saúde, gostei muito dele e senti não conviver mais com ele. Ele deu um cordão de ouro para Luciana. Isto foi em julho, no dia 28 de agosto ele faleceu. Neste dia, quando recebi a notícia, não tive jeito de avisar Raul, ele estava viajando por Airuoca e Baependi. Quando chegou à terde e soube, sentiu muito pois não tinha avião em Cambuquira e não dava para vir ao enterro.

Nesta época, Neusa, a irmã de Raul, estava passando uns dias com uma colega lá em casa. Os cunhados com os filhos e esposas foram passar uns dias pois tinham folga por causa da morte do pai. Para variar chegaram de surpresa e eu sempre preocupada com a comida. Tinha bastante bacalhau em casa e até agora não sei como consegui tirar o sal e fazer para o almoço. Foram dias muito bons com a presença deles. Anna e Névio, gostaram tanto da Luciana que chegando à São Paulo encomendaram Nevinho.

Nossa vida corria tranquila, apesar das visitas que não paravam! Ninguém ia sozinho e a casa estava sempre cheia, o que não me incomodava, sempre gostei de visitas.

No final do ano, Raul foi à Vitória fazer as provas para a faculdade de Direito, quando passou em frente a loja Doll gostou da roupa da vitrine e comprou para me dar de presente. Era um vestido creme de linho justo com um colar de cristal com várias voltas e verde, uma bolsa caramelo e o sapato escarpim combinando. Sempre gostei muito de roupa mas este conjunto acho que foi uma das roupas que mais gostei e usei muito.

Madrinha foi à Cambuquira com Regina e Ralph. Pela manhã, íamos para o parque das águas, enquanto as crianças brincavam, aproveitávamos para conversar. À tarde, passeávamos de charrete e íamos até a fonte do Marombeiro, que ficava um pouquinho longe, mas tudo era novidade e as crianças aproveitavam. Num domingo cedo recebemos a visita de Luiz, Gláucia, os dois filhos, Vilma - a prima de Glaucia - e Mequinho. Eles estavam em Caxambú, que é perto de onde morávamos, foram passar o dia mas passaram uma semana. No hotel tinham comido uns quibes (menos Luiz, ainda bem que não comeu) e começaram a passar mal. Era um corre-corre sem fim para o banheiro! Luiz não sabia mais que remédio comprar, foi à Caxambú buscar roupa e voltou correndo para ajudar. Melhoraram mas custou, ficaram muito fracos e assim passaram uns dias. Encontrei Vilma quarenta anos depois, ela só falava naquele sufoco que passamos.

Quando Raul viajava, ás vezes eu ia, apesar de ficar mais dificil, pois agora tinha dois filhos e tinha que levar uma ajudante. Foi em uma destas viagens que conheci Sr. Júlio e D. Maria, nos recebiam com a maior alegria. Na casa deles se tomava café pela manhã, às nove tinha um lanchinho, ao meio dia almoço, às quatro, outro lanche, jantar e à noite mais café. Ela fazia umas quitandas deliciosas, como se diz em Minas. Conversávamos tanto que não dava vontade de ir dormir. Depois que mudamos para São Paulo viemos visitar várias vezes, passamos Carnaval e viemos para os casamentos das filhas, por sinal fomos padrinhos do casamento de uma delas. Sr. Julio e D. Maria viveram muito, eles casaram muito cedo fizeram 70 anos de casados, o que é bem dificil de acontecer.

Mamãe foi passar o aniversario de Raulzinho lá em casa, como Cambuquira era um lugar de veraneio, muitas casas ficavam fechadas o ano todo, conheciamos pouca gente. Fiz os doces para o aniversário e convidei os filhos da minha lavadeira, os filhos do jardineiro e os irmãos da babá de Luciana. Comprei chapeéu, muita bola colorida e fiz o bolo. As crianças chegaram com roupas simples mas muito limpinhas, depois de brincarem bastante fomos cantar parabéns. Quando acabou não se via nem uma mãozinha pegar doce na mesa, só comiam se mandássemos, mamãe ficou admirada com a educação delas.

Quando Luciana tinha um ano e três meses mudamos para São Paulo. Pensei que fosse estranhar muito mas gostei de lá e me adaptei logo. Raul comprou uma casa no Alto do Mandaqui, Anna e a irmã dela, Nilde, foram me ajudar a arrumar tudo. Na hora do lanche, Nilde se ofereceu para comprar pão, eu fiquei admirada pois eu não entrava em bar, mas acabei me acostumando. Em agosto fiquei grávida de novo, como sempre enjoando muito.

Nevinho era neném, Anna e Névio arranjaram uma caas ao lado da nossa, foi bom demais. Raulzinho, Luciana e Rosana brincavam o dia todo e raramente brigavam. Raul e Névio conversavam muito pouco um com o outro. Todas as noites eles vinham ver TV lá em casa ou nós íamos à casa deles. Eu e Anna conversavamos baixinho para não atrapalhar, sempre tínhamos o que contar e é assim até hoje. O assunto não acaba e sempre fica faltando coisa para contar.

Tìnhamos o cotume de colocar as crianças para dormir cedo. Quando Raul chegava, já tinham jantado, era só ir para a cama, onde eu dava boa noite em francês, inglês, em italiano e mais uma língua, acho que era alemão. Quando Monica estava para casar disse que ia telefonar para eu dar boa noite de costume.

Antes de sair de Cambuquira arranjei uma menina que os pais estavam dando, era Gracinha. Quando chegou ficava parada, encostada na porta da cozinha e não ajudava em nada, me aconselharam dar um vermífugo, foi ótimo, ficou esperta e prestativa.

Difícil mesmo era quando sabíamos da vinda de D. Rosa ou Neuza. A faxina começava e, tanto eu como a Anna, procurávamos deixar a casa um brinco mas não adiantava. Quando chegavam tinha sempre alguma coisa para elas falarem, principalmente perto dos maridos, para eles terem motivo para reclamar. Quando os filhos saíam com elas, sem levar as mulheres, era a glória para elas.

D. Maria, tia de Raul, arranjou uma menina do juizado para ficar lá em casa, não gostei da cara dela mas coloquei as duas no colégio, perto de casa, e lá tambem estudaram para fazer a primeira comunhão. Enquanto Gracinha era caprichosa, a outra era um arraso, ficou lá em casa, apesar dos aborrecimentos, até fazer dezesseis anos. Gracinha aprendeu corte e costura, fez um curso de gastronomia, quando saiu para morar sozinha dei minha máquina de costura para ela. Veio nos visitar aqui em Vitória, depois não deu mais notícia, apesar de eu procurar por ela quando voltei a São Bernardo.

Raulzinho e Rosana estudavam no Colégio Santana, voltavam de ônibus. Vendemos o jipe e compramos um chevrolet 38, era um carro que só dava duas pessoas dentro, fora tinha um banco como se fosse no bagageiro onde cabia mais uma pessoa. Américo e Arlethe vieram à SP nos visitar, foi muito engraçado, Arlethe dentro do carro comigo e Raul e Américo, ricão do jeito que era, lá atrás. Todo mundo mundo olhando pois era mesmo diferente.

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkk....que ótimas lembranças mãe...nossa muito bom ler isso!Não sabia quase nada de Cambuquira mas lembro bem das implicancias de vovó Rosinha e Neusa...lembro que sempre entrava atrás do sofá toda vez que elas chegavam..rsrsrsrsrsr!Caramba que tempo bommmmm!!Tá lindo mamis,continua,continua!!

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  2. Bom tia, hoje, foi maravilhoso o seu blog.Fiquei sabendo de muitas coisa, da vida de vocês! De Gracinha eu me lembro bem! Espero que continue com muitas coisas, para contar, e me fazer lembrar. Você é um "anjo", nos trazendo este presente.bEIJOS, dENISE

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  3. Vó, como assim os pais a menina para vcs??? Faz um post explicando isso. Caramba, fiquei chocada.
    E as implicäncias... essa familia busato não era fácil, hein! rsrsrsrss TE AMO TE AMO TE AMO!

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  4. Finalmente eu apareci na sua vidaaaaaaaaaa! Mãe ,adorei a história do seu Julio. Lembro perfeitamente da sensação de andar em pé atrás do caminhão dele com as folhas quase batendo no rosto. A comida de fogão de lenha ,uma lembrança deliciosa!! Também não sabia que a Gracinha tinha sido "dada" pra vocês... credo! A Maria Jose ,nem lembro direito,mas sei que gostava da Gracinha. Lembro-engraçado- das mãos dela,meio gordinhas. E de Vovó Rosinha lembro váaaarias coisas, mas acho que são pra depois, deixa chegar na história.. falta muito..Zorza nem nasceu ainda!!!

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